Essa noite sonhei que Raul Seixas estava vivo. Ele estava
preso, e depois de tanto tempo longe do mundo e da mídia, foi solto. Me lembro
dele saindo de um carro, cantando “Meu Amigo Pedro”, com cabelo curto e cavanhaque,
agindo da mesma forma que sempre foi, achando que o mundo ainda era dele, que
as pessoas ainda tinham interesse em serem diferentes e fugirem do sistema, mas
estava enganado.
Estranho ver como as pessoas se
conformam em serem todas iguais, fazer parte de um esteriótipo, e todos que
forem diferente disso, são loucos. Ainda bem que temos loucos!
Óculos escuro, cabelo mal cortado,
barba por fazer, tatuagens e roupas pretas rasgadas, é assim que você verá um certo
morador do meu bairro. Alguns olham espantados, enquanto ele toca violão em um
domingo a tarde na rua, ou quando sai pra passear sábado de manhã, em seu Jeep
vermelho impecável, mas ele vive um sonho, o sonho dele, não um sonho que
alguém criou e disse “viva este sonho, ele é seu!”.
O sonho acabou aí, Raul cantando e
tentando voltar ao mundo real, que é bem diferente do que ele viveu. Ele
demoraria pra se acostumar, provavelmente nunca se acostumaria, viveria bêbado
nos bares, viajando por aí vendendo poesia, ou se mataria, em um gesto de
protesto, pra dizer que o mundo de hoje em dia não é tão legal quanto o de
antigamente.
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