Em um pequeno café de São Paulo
eu a conheci. Mesmo o fato de que eu não tomo café não atrapalhou nosso
encontro, sei que soa estranho, mas eu comia uma coxinha. Sim, uma coxinha
mudou o rumo da minha vida.
Quando decidi entrar ali, para
comprar a coxinha, não sabia que minha vida ia mudar. Posso descrever a roupa
que ela estava: Uma saia preta um pouco larga, uma blusinha branca, uma
sapatilha azul e um lindo laço vermelho na cabeça. Pode parecer estranho de
início o fato do laço, mas acho que era pra me mostrar que aquilo seria meu
presente. Não que ela pertença a mim, mas um presente da vida. Algo que tiraria
a monotonia da minha vida e colocaria um pouco de energia.
Continuo não acreditando em um
amor pra vida toda, mas enquanto esse nosso amor durar, eu quero aproveitá-lo
da forma mais intensa possível. Lembro-me de ver histórias fantásticas, de
provas e juras de amor, mas nada se compara quando você as vive.
Nossa história não tem nada igual
a esses maravilhosos contos de fadas modernos. Eu estou desempregado e ela
ganha uma quantia que não manteria nem mesmo um de nós dois.
O fato de imaginarmos um amor
perfeito, com uma casa para os dois morarem, faz com que esqueçamos que a vida
não é como imaginávamos quando crianças. Em meus doze anos, eu imaginava que com dezoito teria um
carro, um bom emprego e dinheiro para comprar as coisas que eu queria. Claro
que eram as coisas que eu queria com doze anos, e achava que nunca ia mudar de
opinião. Consegui meu primeiro emprego com dezenove, nele eu ganhava 380 reais,
o que me fazia querer morrer, mas continuei. Com 24 consegui o meu carro.
Com muito esforço, viajamos para
a Argentina, finalmente começamos a viver! Mesmo que você diga: “Pra Argentina
todo mundo vai!”, tudo bem, mas eu queria ir! Lá eu vivi momentos que nunca vou
esquecer. Falávamos rápido com as pessoas, pra ninguém nos entender, enquanto
ríamos. Ríamos da vida, de como conseguimos despistá-la, e fugir do que era
inevitável, que era viver nessa sociedade que nos cerca.
Não podemos viver em uma
constante fuga da realidade? Dizem que não, mas eu e ela acreditamos que sim.
Um dia, ainda vão olhar para
nossa história (não só de amor, mas de vida) e usarem como guia, como uma
inspiração para viver. Viver não é fácil, sonhar menos ainda. Que delícia de
coxinha.
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